8 de agosto de 2011

O Cego e o Moço


O Cego e o Moço

Um cego andava pedindo esmola pela mão de um moço; a uma porta deram-lhe um naco de pão e um bocado de lingüiça. O moço pegou no pão e deu-o ao cego para metê-lo na sacola, e ia comendo a lingüiça muito à sorrelfa. O cego, desconfiado, pelo caminho começa a bradar com o moço:
– Ó grande tratante, cheira-me a lingüiça! Acolá deram-me lingüiça e tu só me entregaste o pão.
– Pela minha salvação, que não deram senão pão.
– Mas cheira-me a lingüiça, refinado larápio!
E começou a bater com o bordão no moço pancadas de criar bicho. O moço era ladino e disse lá para si que o cego lhas havia de pagar. Quando iam por uns campos onde estavam uns sobreiros, o moço embicou o cego para um tronco, e grita-lhe:
– Salta, que é rego. O cego vai para saltar e bate com os focinhos no sobreiro. Grita ele:
– Ó rapaz do diabo! Que te racho.
Diz-lhe ele:
Pois cheira-lhe o pão a lingüiça,
E não lhe cheira o sobreiro à cortiça?
FIM

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